terça-feira, 1 de novembro de 2011

Hombridade

Tinha outras coisas em mente para postar aqui no Mariolando mas eis que hoje me deparei com um texto incrível que tocou fundo não só meu coração, mas minha história. Não entrarei em detalhes porque vai que alguém com consciência pesada lê esse blog, se identifica (a tal consciência pesada que nunca adormece) e por vingancinha resolve me processar né? Faz tempo que não sou mais dona de uma parte da minha história por causa de certas consciências e ameaças de processos. hahahahahahaha #ironiafeelings

Enfim pessoas, esse texto é mais que um relato, é uma forma de mostrar que mesmo fora da perfeição, é possível alcançar hombridade diante dos seus erros e fracassos. A hombridade habita na sinceridade, na honestidade de um erro, em saber reconhecer esse erro e tentar redimir-se da melhor forma possível, pelo menos da forma devida...pelo menos é o mínimo que o outro merece! Concordam?

O texto foi escrito por Gilberto Uryn e diante da simplicidade das suas palavras, existe a riqueza de caráter, de honestidade, de fidelidade e sobretudo de HOMBRIDADE.

Aos 'hominhos' (e 'inhas' também) soltos por aí, fica a dica!
Separe uns minutinhos de seu dia tão egoísta e tente aprender alguma coisa de valor - quem sabe lendo esse texto, vocês não se reconheçam nessas palavras e tentam recuperar a hombridade perdida ou nunca vivida! A vida vai além de se cansar de alguém e virar as costas para quem jurou ser fiel e nunca se redimiu do erro por tê-la (o) machucado. Como diz o próprio Gilberto, erros acontecem, relacionamentos podem acabar, mas é preciso saber como acabá-los e enxergar o outro além do seu egoísmo, independente do tamanho do seu erro ou dos motivos que te levaram a não amar mais.
Lembre-se que um dia isso pode acontecer com você!

 HOMBRIDADE

"Certas palavras tem peso e sentido apenas para algumas pessoas; para outras, trata-se apenas de ajuntamento de letras. A palavra hombridade é uma delas.

Na verdade, não se trata de uma palavra, mas de um termo: ele define postura, estabelece a diferença entre a conduta certa e errada, cria ética no comportamento. Apesar de supostamente ser um termo masculino, ele é mais abrangente, versa sobre o comportamento humano; ter hombridade é algo vital e é válido para homens e mulheres.

Eu era um escoteiro de 11 anos, acampado, comendo batata-doce cozida na fogueira com os meus companheiros quando ouvi pela primeira vez o poema de Kipling. Ainda tenho a imagem do Sérgio recitando pausadamente de cor, posso ouvir a sua entonação, as labaredas da fogueira refletidas no seu rosto, como se o fogo prestasse tributo à mensagem . Fiquei maravilhado! Não era um poema, mas uma proposta de vida, foi o momento em que ficou definido para mim o modelo de postura que desejava ter. Ao longo da minha vida, vários textos me marcaram e me ajudaram a ser o homem que sou hoje; “Se” é um deles.

Eu tenho muito cuidado com as pessoas e seus sentimentos. Acho que esse é o bem mais valioso de alguém, e que deve ser preservado de todas as formas. Até para poder exigir que preservem os meus.  Claro que já magoei, muito e muitas vezes. Mas sempre que me dei conta disso, soube me retratar. Das pessoas que magoei, algumas consegui preservar como amigas íntimas,  justamente por elas entenderem, apesar das minhas fraquezas, o valor que dou aos seus sentimentos.

Um relacionamento não tem obrigação de dar certo, ele tem a obrigação apenas de ser vivido intensamente, plenamente. Dar certo é uma conjunção da vontade e da intenção de dois, da sinceridade deles, e podemos apenas responder por nós mesmos. Muitas vezes, só vamos conhecer realmente a pessoa com quem nos relacionamos após o término do relacionamento. Aí o caráter de cada um aparece sem máscara.

Saber como avaliar aquilo que não deu certo, o sonho que não se transformou em realidade, é algo muito difícil, geralmente é muito dolorido. Mas um sonho é algo que desejamos tanto que não pode ser jogado na sarjeta da banalidade, deve ir para aquele armário de guardados da alma, onde reunimos aquelas lembranças doces daquilo que não existe mais.

Ninguém fica mais do que um, dois meses com alguém por ficar; ninguém diz “eu te amo” por dizer. Se fica e se diz, é falso e leviano, sem sentimentos. Não tem conteúdo, por mais que que seu intelecto seja previlegiado: não tem alma.

Imagina ficar quase 1 ano com alguém, escrever juras de amor, fazer propostas de vida em comum, dizer que sim quer compartilhar e fazer acontecer sonhos, falar em casamento também, claro que sim, mesmo que agora se apresse em negar. E depois do cair do pano, apenas debochar, fazer chacota, renegar o que afirmava sentir, tentar ridicularizar o outro que um dia chamou de seu. É não dar valor aos próprios sentimentos ou então é apenas não os ter  - ser vazia.
Cada relacionamento que tive, cada mulher que passou pela minha vida me acrescentou muito. Pessoas maravilhosas, porque se fossem medíocres, então eu seria medíocre também, já que as desejei tanto! E por saber disso, as preservo. Não saio fazendo chacota, humilhando ou transformando em palhaço quem quis muito para mim um dia. O palhaço então seria eu. Não as exponho, e assim também não me exponho. Amei, vivi, e agradeço por isso.

Já desci a alguns infernos na minha vida, morei no exterior, vivi história, guerra, tenho orgulho da minha trajetória. Sem falsa modéstia, creio ter um razoável embasamento cultural. Mas com toda essa bagagem, mesmo assim percebo que sou capaz de errar ao avaliar o caráter de alguém que pensei merecer todo o meu cuidado, carinho, atenção, a quem eu amei e dediquei aquilo que prá mim é o que realmente importa, o meu sentimento. O meu maior tesouro.

Não tinha obrigação de dar certo. Tinha apenas a obrigação, não só de ser vivido, mas de ser sincero. E agora, vendo o que ainda é dito mesmo após tanto tempo terminado, lendo textos irônicos e testemunhos em que tenta  se isentar de ter também desejado aquilo, em que nega ter sonhado, sentido, amado, em que o ex-companheiro é sempre alvo de escárnio e expressões chulas e pejorativas, agradeço por já ter acabado.

Assim como agradeço por ter vivido aquele momento. Por ter  proporcionado a mim mesmo sentir o amor e a ternura de forma plena. Saber que não me violentei e que continuo capaz disso é um grande prazer. Agradeço por ter preservado a minha hombridade.

Agora é encontrar quem a mereça."


Para quem gostou, esse texto é de Gilberto Uryn e você pode ler o texto original no site:

Até a próxima!
xoxo



2 comentários:

  1. Muito bom esse texto!! Ah se todos tivessem hombridade!!

    Adorei!

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  2. Muito bom mesmo Claudia! Passei na pele a desventura de cruzar por pessoa(s) sem hombridade alguma e realmente muitas dessas pessoas têm muito a aprender com esse texto!!! Quem sabe magoariam menos por aí né?

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