quarta-feira, 13 de abril de 2011

Quem vive de passado...

...é porque teve um passado lindo e inesquecível!

Pois é gente, não tenho problema nenhum em reviver o passado. Claro, algumas passagens 'feias' vividas lá trás trato de esquecê-las mas por que não guardar aquelas tão especiais num cantinho do coração onde possamos sempre acessá-las quando a saudade bater? Seja um cheiro, um som, um toque ou até mesmo um sentimento que te faça sentir vontade de voltar ao tempo e viajar.

Ultimamente ando assim, buscando minha infância e adolescência, nos idos anos 80, 90. Para muitos, isso deve parece pouco tempo para alguém da minha idade dizer, mas considero muita estrada esses 31 anos! Vivi coisas que pessoas de 50, 60 anos não viveram. Adquiri experências que décadas atrás pessoas na minha idade jamais viveriam. Já levei muito tapa na cabeça e muito puxão de orelha da vida mas quer saber? Agradeço cada tropeção. Mas vamos combinar que nem só de percalços e obstáculos vivemos não é?
Entre um e outro tropeção, vivemos momentos que se tornam inesquecíveis ou então tem aqueles momentos que nos pegamos lembrando a sábia frase (ou seria um mantra?) que toda mãe nos falava: "Aproveita bem essa fase. Em breve, a vida começa de verdade e você vai sentir falta disso tudo". Quem aqui não pensou "Besteira dela, acha..? Quero mais é crescer e virar gente"? hahahahaha E quando elas nos diziam "Estuda menina...essa é a única responsabilidade que você tem hoje. Quando crescer as responsabilidades aumentam e aí você vai ver o que é dureza" hahahahaha daí me ouvia repetindo mentalmente para minha mãe "Ah tá, vem aqui no meu lugar ver o que é bom!" hahahahaha ahhhhhhh como gostaria de voltar para esse 'lugar' e viver de novo  o que de fato era bom. Bons tempos aqueles em que tudo o que tínhamos que fazer era tirar boas notas e esperar as férias chegar, mas como elas demoravam muito, me contentava em esperar o sinal do colégio tocar às 11:45 e ir correndo para casa e 'viver aquela vida dura de criança ou adolescente'.

Sabe, fico vendo os adolescentes e até mesmo algumas crianças de hoje e realmente sinto uma dorzinha no peito quando percebo o quanto de vida estão perdendo ao anteciparem taaaanto a fase adulta. Hoje eles começam a namorar a sério, ficam dias presos em frente ao computador, assumem  'falsas' responsabilidades mais cedo, vícios e atitudes inapropriadas...sei lá...fico comparando minha adolescência com a atual e vejo tanta diferença que às vezes acho que fui uma garotinha muito boba.
Mas não, eu não era boba! Eu era uma criança da década de 80 ué. Tudo era diferente. As músicas, as brincadeiras, as ocupações e até mesmo os sonhos eram outros...assim como na época da minha mãe tudo era diferente e em algum momento da minha adolescência ela deve ter pensado o mesmo que penso hoje dessa geração...
Mas quer saber gente, embora tenha brincado de boneca até os 14 e pedido permissão para viajar e dormir na casa das amiguinhas até os 15, vivi bem minha adolescência. Ri até ficar com a bochecha dormente, troquei muitos bilhetinhos em sala de aula, paquerei e beijei muito sem compromisso e tirei muito zero, não nego. Contei literalmente os segundos do relógio da sala para a aula acabar logo e começar o recreio e então ir correndo para o pátio do terceiro ano ver os garotos mais velhos hahahahaha. Peguei muita recuperação e me joguei diversas vezes na piscina do prédio para comemorar a passada de ano ainda que apertada e com muitas promessas a serem pagar. Sabia de cór o caminho para a diretoria e já tirei um ZERO em geometria desenhado com compasso (é sério!)! E quantas vezes dizia a minha mãe que ficaria em casa estudando e decidia dormir em cima dos livros (ou ia assistir Sessão da Tarde) e só acordava com o toque da campainha hahahaha (sorry madre, é verdade!) hahahaha
Quando criança usei bota ortopédica, aparelho nos dentes de todos os tipos existentes (arranquei muitos deles com tampa de caneta) e óculos de grau...era o cão metal chupando manga mas quer saber? Na minha época não existia bullying!

Ouvi muitos LP´s do Trem da Alegria, Michael Jackson, Polegar, Dominó, A-Ha, Erasure, Tears for Fears e tantos outros 'hits' da época e a melhor parte, fiz lindas, inesquecíveis e lotadas discotecas (que me inspiraram esse post) para comemorar meus aniversários e do meu irmão no salão do inesquecível edf. Vânia. Coitado do Sr. João, porteiro do Vânia que tinha que conter tantos penetras que pulavam o muro do prédio ou tentavam falsificar os convites... (atualmente estou  num momento nostálgico baixando boa parte das músicas que tocaram nas discotecas e quer saber? Na minha próxima ida à SP pegarei dos os VHS das discotecas que fiz  para assistir - embora já tenha tudo convertido em dvd!)

Usei muito roupa da Bicho Comeu, Gente Pequena e Xixi Baby e posso até dizer que fui modelo infantil e desfilava sempre para a Xixi Baby (modelo fixa povo, tá pensando o que? Orgulho da vovó  hahahahahahahahahaha
Caí muito de bicicleta e  mobilete e vivia cheia de machucado pelas pernas e braços, pulei muito elástico no pátio do colégio, assei os pés de tanto pular pongoball e lembro da euforia em ter trocado meu patins de 4 rodas pelos inline. Sentava na última fila na sala de aula e já distendi 3 tendões da mão dormindo sob ela durante a aula (ops! Sorry Rosamelia hahahahaha)

Lembro com carinho da minha primeira bicicleta, meio azulada, metálica e das rodinhas extras caindo fazendo com que eu me sentisse A adulta. Esconde-esconde, gato mia, pega-pega, mas pêra-uva-maça e salada mista só passei a levar a sério na adolescência. Meu grito de liberdade (só na minha cabeça, claro), foi quando minha mãe me deixou ir pela primeira vez ao Coluna Café com meus 3 primos e irmão a tira colo. E no dia que ela me deixou ir para o Recifolia, bom...memorável!
Tive muitos amores eternos. Amei muito, como amo até hoje! Já quase bombei de ano por um coração partido. Fiquei muito pois achava que namorar era coisa de gente grande, mas no dia que resolvi assumir um namoro, levei chifre (começou de cedo! hahahaha)...
Fiz festa de 15 anos, apaguei de tanto beber antes da minha festa de 18 anos começar a saudosa Over Point, já bati muito a cabeça nos paineis da Fun House depois de ter bebido sei lá quantas tequilas no Mexican bar, já achei o São João no Beijo Gelado em Gravatá o melhor lugar do mundo mas foi lá que vivi minha primeira decepcção amorosa. Já fiquei com o bofinho do momento mas já fiquei com aquele que ninguém queria ficar hahahaha, Tive a alegria de conhecer a neve muito cedo e voltar a mergulhar nela diversas vezes. A Disney era o quintal de casa e graças à metade gringa da minha familia, Miami se tornou um segundo lar e sinto-me assim até hoje, creio eu.
Já morei fora em vários lugares (Cambridge, Salamanca, Brighton, Recife, São Paulo, Araraquara), dei bom dias em várias linguas e graças a toda essa distância percorrida, conheci pessoas inesquecíveis, vivi momentos incríveis, vi paisagens inacreditáveis, tomei porres memoráveis e enchi a geladeira da minha casa gringa com besteiras que minha mãe não deixaria comprar!

Colecionei papel de carta, fiz pastas com fotos de atores gringos bonitos, desenhe coraçãozinho com meu nome e de um garoto numa parte escondida do meu caderno da escola, joguei bafo e roubei muito na hora de jogar usando técnicas só minhas, tinha caixas e mais caixas de figurinhas! Enchia um armário com revistas Querida, Capricho, tinha todos os LP's e cds da época e bilhetinhos trocados em sala de aula eram prêmios quando o professor não pegava durante a aula. Os ármarios do meu closet eram todos cobertos por fotos de Ricky Martin, Tom Cruise, Rob Lowe (e ainda era apaixonada por alguns) e outros 'colírios' da época, mas a única coleção que mantenho até hoje é a de agendas...tenho todas e posso dizer que mais que agendas, elas foram verdadeiros e detalhados diários de uma adolescência muito bem vivida e sentida. O amor imundava a folha da segunda-feira de sentimentalismos e na terça-feira já tinha um rasgão resultado de um momento de fúria causado pelo mesmo motivo que me levou encher a folha anterior de coraçãozinhos hahahaha...ahhhh, os hormônios! hahahahaha. Continuo me iludindo com o amor, diversas vezes, recentemente. Amores desabados daqueles que levam seus sonhos emboras, mas foi com esses amores francassados, ou o único amor verdadeiro fracassado, que aprendi que sonhos podem ser reconstruídos...acompanha ou não!

Passei muitas horas sentada com 'a turma' na piscina do Maria Juliana vendo os meninos jogar futebol na quadra. Demos muitos mergulhos naquela piscina e risadas na sauna. Vimos filas enormes se formarem no Coluna Café e os mais novos como eu, ficávamos babando vendo nossos amigos mais velhos indo para lá e nos perguntávamos quando seria nossa vez. Varamos muitas noites lá na portaria conversando, dando risada, ouvindo música nas alturas até reclamarem, comemorando aniversário de alguém ou simplesmente calados contemplando a noite estrelada e aquele mar lindo bemmm na nossa frente. A vida parecia não passar. Exatamente o contrário do que queríamos. Tínhamos pressa em viver...
O Maria Juliana tem história, assim como Vânia! Raízes que deixamos por onde passamos...

É gente, todos esses momentos são inesquecíveis, felizes, mas tem a dor também que quando vividas tão cedo, nos ajudam a nos tornar adultos melhores. Minha primeira cachorrinha Annie faleceu por irresponsabilidade do veterinário, meu amado tio Glauco que na minha opinião nos deixou tão cedo...lembro de ter ficado brava pois para mim, ele era eterno e então havia me deixado. Com a maturidade percebi que de fato ele É eterno, dentro de mim. Ainda lembro de ter recebido a notícia sentada em uma das cadeiras enormes cinzas de couro que balançavam da sala de tv do Vânia.
Lembro de váááárias ter que acordar às 7 da manhã aos sábados e domingos em plenas férias para estudar para a recuperação enquanto todas minhas amigas haviam passado direto de ano. Ahhhh, como encho o saco de Santa Rita no caminho colégio na hora de pegar os resultados. Acho que era quando sentia mais medo da minha mãe hahahaha. Aquilo para mim era um inferno mas fez com que eu me formasse com uma colocação excelente na faculdade escolhida em SP com direito ao melhor TCC do ano!

As marcas da nossa infância e adolescência são o que nos ajudam a nos tornar o que seremos no futuro, mas em meio a tantos acontecimentos, é preciso filtrar aquilo que não nos faz/fez bem para que isso não vire marcas, traumas de um tempo que não volta mais e que em nada influenciará nossos dias que estão por vir.

Os anos 80 e 90 me marcaram de uma forma especial, mas sabe o que é mais especial ainda para mim? Reconhecer hoje, 30 anos depois, o quanto ele foi maravilhoso e deixou saudades, mas também que muito dele ainda vive dentro de mim.
Ter sido bem enturmada, rodeada por pessoas e sentimentos bons, sinceros e puros, sempre alegre, me ajudou a ser uma pessoa de bem, amiga, honesta e sincera. Posso ter tido any defeitos: dentuça, má aluna (mas não burra ok? só relaxada. Quando queria, arrasava nas notas!), preguiçosa, levemente levada mas não hiperativa, mas era feliz. Chorava e no dia seguinte exibia um sorriso dentunço enorme sem lembrar do que havia acontecido no dia anterior. Minha infância foi rica, cercada de luxo e de coisas boas e viagens, mas com muito amor, aprendizado e hoje, em tempos de vacas magras, onde toda aquela riqueza descansa nos anos passados, as maiores riquezas de todas continuam crescendo dentro de mim: valores, berço, educação, honestidade e caráter. Cifrão nenhum vai medir o tamanho da minha grandeza e da minha vida.Hoje vejo-me dona e gruia da minha própria vidam desde meus pensamentos até responsabilidades! Moro só, pago minhas contas e assumi responsabilidades!

Abrir os álbuns antigos e ver meu sorriso espampado em cada foto me mostra que ser feliz é sempre o melhor caminho para uma vida feliz, independente de sua idade.
A vida é feita de saudades gente e elas estão no coração para sempre serem relembradas e nos momentos que achamos que vamos nos disvirtuar dos nossos ideais, lá estão elas quando fechamos os olhos para nos relembrarem quem somos de fato! Só não vive de lembranças e passado quem deve algo, seja à vida, à Deus ou à si mesmo oum que não foi feliz!

Minha saudade tem cheiro de bolo de macaxeira em Gravatá, cheiro de rio em Toquinho, o cheiro de infância que Miami e Nassau têm e é só meu! Tem cheiro de pão de queijo da cantina do colégio e do cachorro quente do Tonho. Minha saudade tem gosto de Ribena em Nassau, roastbeef na casa da minha avó, aliás, tem o cheiro da casa da minha vó Graziela, tem o toque das lágrimas derramadas por um amor descoberto e logo em seguida desmoronado. Tem cor do pôr-do-sol de Toquinho e do céu de Araraquara, tão especial, quando vi pela primeira vez...Saudade para mim tem a velocidade que meu coração bate quando lembro de todas as alegrias vividas e tristezas choradas. Tem o rosto daqueles que amei e amo e dos que se foram e a expectativa daqueles que ainda vão chegar.
Tenho saudades de tudo que vi, ouvi, cheirei, sorri, chorei e vivi. Tenho saudades do que nunca vivi e do que ainda vou viver.

Hoje tento através de músicas e memórias em cores desbotadas reviver todas aquela inocência e sonhos apressados e trazê-la um pouco para perto de mim nesse 2011 às vésperas de completar 31 anos de saudades. Os maiores sonhos quase realizei, mas os novos tempos me mostraram que nem sempre os mesmos princípios, valores e caráter ensinados dentro da minha casa, são os que encontramos dentro das pessoas que achamos ser a certa para dividir não só uma vida, mas os sonhos. Elas mudam com o tempo...eu mudei, mas esse aprendizado ficará eternamente dentro de mim, não num cantinho do coração, mas escrachado para quem quiser ver, pois esse é o melhor presente que ganhei no dia 16 de maio de 1980.
Tenho quase 31 anos de idade com muito orgulho e não voltaria, fisicamente tampouco mentalmente falando, um dia atrás na minha vida. Não troco meus 31 anos de estrada e amadurecimento, por 15, nem 20 poucos anos nenhum, pois além de toda a experiência que tenho hoje - ou como já vi  'crianças de 20 poucos' me definirem, uma velha bolota - vive aquela garotinha desajeitada de botas ortopédicas, aparelhos os dentes e óculos que aprendeu aos tropeços o que é a vida, como devemos tratá-la, vivê-la e respeitar o nosso próximo!

Quem vive de passado é museu? Bom, chamem-me de museu ambulante portanto!

Até a próxima!

xoxo

4 comentários:

  1. Ehhhh sempre um prazer voltar um pouco com vc no tempo com suas narrativas!!!! E fico feliz em saber que vivemos muitos destes momentos destes vinte e poucos anos de amizade!!!!

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  2. Carols, que post lindo!! Amei! Bjs

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  3. Minhas queridassssss, obrigada mil vezes a vocês!!!! Sbem que fazem parte de todas essas saudades né???? Beijooooo

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